segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Tipografia

Terminologias: tipografia x tipologia
A tipografia tem a função importante de contribuir com aspectos da transmissão de mensagens em linguagem verbal-escrita facilitando a compreensão da informação e aprofundando seu entendimento (NIEMAYER , 2003).  A tipografia é o meio pelo qual uma ideia escrita recebe uma forma visual (AMBROSE; HARRIS, 2009).
Já a tipologia, consiste em um “processo de classificação ou estudo de um conjunto, qualquer que seja a natureza dos elementos que o compõem, para determinação das categorias em que se distribuem, segundo critérios definidos”, ou seja, no que se refere a letras, a tipologia se encarrega de classificá-las e fazer a caracterização das classes de tipos ou elementos tipográficos (NIEMAYER , 2003). 

Fontes e tipos
Fonte “é um único estilo de um tipo e é usada na composição de textos. É o conjunto completo de caracteres de um tipo”. Já o tipo constitui-se em um conjunto de letras desenhadas com características específicas. Podem possuir variações de estilo – itálico, bold, versaletes e pesos diferentes (TONDREAU, 2009, P. 202).
De uma maneira bastante simples, Williams (2009), explica que apesar de focalizarmos principalmente a função estética da tipologia, não devemos nos esquecer de seu objetivo, uma vez que o tipo utilizado em um trabalho não deve jamais inibi-lo: comunicar. O tipo é o material básico de qualquer página impressa. Ele costuma ser irresistivelmente apelativo e, às vezes, absolutamente imperativo para a diagramação de uma página que contenha mais de uma fonte.
Brinhust (2006) diz que em um mundo repleto de mensagens que ninguém pediu para receber, a tipografia precisa frequentemente chamar a atenção para si própria antes de ser lida. Para que ela seja lida, precisa contudo, abdicar da mesma atenção que despertou.
A seleção da forma visual pode afetar significativamente a legibilidade da ideia escrita e as sensações de um leitor em relação a ela devido às centenas/ se não milhares, de fontes
disponíveis. A tipografia pode produzir um efeito neutro ou despertar paixões, simbolizar movimentos artísticos, políticos ou filosóficos ou exprimir a personalidade de uma pessoa ou organização (AMBROSE; HARRIS, 2009).

Para Collaro (2000), trabalhar a tipologia significa muito mais do que simplesmente escolher letras em mostruários. Para essa tarefa, é necessária uma profunda reflexão cultural, social e até ambiental, que influenciam na opção da escolha. Collaro (2000) diz ainda que o sucesso de uma peça impressa é resultado de ousadia, mas sempre com conhecimento de causa, pois o profissionalismo não pode estar aliado à sorte. Podemos ter um sistema de composição altamente sofisticado, fotolitos de primeira geração, com alta definição, suporte de qualidade, porém todos esses componentes estarão sendo desperdiçados se os impressos não forem projetados com equilíbrio e proporção. A escolha tipo lógica é fator preponderante no aspecto visual do trabalho. 



Estrutura dos tipos
Para entender de tipologia é necessário conhecer a essência, ou melhor, a estrutura das letras, suas variantes e as funções que determinam sua utilização. Para Bringhurst (2006), a melhor tipografia é uma forma visual de linguagem que liga a atemporalidade ao tempo.
A figura a seguir ilustra a estrutura dos caracteres, de acordo com Collaro (2000), onde ápice é a extremidade superior da letra; haste é a parte que compõe a letra propriamente; trave, característica de algumas letras, é uma barra horizontal que atravessa a letra; base ou pé é a extremidade inferior da letra que pode ou não possuir terminação em serifa; e, serifas são as aparas que algumas letras apresentam em seu acabamento.

Ao contrário do que possa parecer, os tipos são divididos por diversas partes de nomenclatura específica, mas “nenhum caractere possui todos estes elementos, e alguns são específicos de uma ou outra letra” (NIEMEYER, 2003, p. 30).

Para Niemayer (2003), os caracteres são dispostos segundo algumas coordenadas quando compostos numa linha. As coordenadas mais importantes são a linha de base, a linha de X, a linha das ascendentes e a das descendentes e as linhas das maiúsculas. Embora na grande maioria das famílias as linhas das maiúsculas e das ascendentes coincidam (e, então, são denominadas apenas como linha das maiúsculas), os tipos mais próximos dos romanos clássicos têm as ascendentes projetadas um pouco acima da linha das maiúsculas (gerando assim a linha das ascendentes, como no exemplo a seguir). No texto composto também é possível perceber a ocorrência da projeção – um recurso de ajuste ótico no desenho dos tipos utilizado nas curvas que tangenciam coordenadas.


Segue uma breve definição sobre algumas das principais partes de um tipo:

altura-x: segundo Lupton (2006, p. 35), esta “é a altura do corpo principal da letra minúscula (ou a altura de um x caixa baixa), excluindo seus ascendentes e descendentes”. A altura-x não é igual para todas as fontes, e, por esta razão, duas fontes que possuam tamanho de corpo iguais, como 48 por exemplo, podem aparentar ter tamanhos diferentes (ROCHA, 2005);
altura de versal: distância entre a linha de base e o topo da maiúscula (LUPTON, 2006);
linha de base: é o eixo mais estável ao longo de uma linha de texto, onde todas as letras repousam (LUPTON, 2006);
ascendentes: parte que se prolonga acima da altura-x (ROCHA, 2005);
descendentes: parte que se prolonga abaixo da altura-x (ROCHA, 2005);
corpo: consiste no tamanho do tipo, medido pela sua altura (PEREIRA, 2007). A medição é feita “da versal á parte inferior da descendente mais baixa, com mais um espacinho extra” (LUPTON, 2006, p. 36), conforme apresenta a figura 8; e
serifa: “pequeno filete de acabamento que se estende nas terminações das hastes dos caracteres” (PEREIRA, 2007, p. 12).

A figura a seguir ilustra as partes de um tipo segundo Lupton:

Variações estruturais dos tipos

Para Niemayer (2003), os tipos podem ainda apresentar variações estruturais quanto ao tamanho, à forma, ao peso, ao contraste (angulação e espessura dos traços), à inclinação, à estrutura e à largura do tipo. Segue uma breve definição sobre algumas das principais variações estruturais do tipo:

·         Tamanho: relativo ao corpo do tipo (NIEMAYER, 2003).
·         Forma: diferenças entre os desenhos das letras maiúsculas (NIEMAYER, 2003).
·         Peso: refere-se a espessura dos traços do corpo do tipo de uma mesma família, como bold ou negrito, normal, regular, light etc  (LUPTON, 2006).
·         Contraste: o contraste pode ser de angulação, onde se refere ao ângulo de inclinação do eixo – “o eixo definido pela inclinação resultante da escrita manual é chamado de eixo humanista (da época do Renascimento) e o eixo vertical é conhecido como eixo racionalista (ROCHA, 2005, p. 39)” – de um caractere; ou de espessura de traços (LUPTON, 2006).
·         Inclinação: relacionado ao ângulo de inclinação da haste e dos extensores da letra Como exemplo, os tipos itálicos (BRINGHURST, 2005).
·         Estrutura: refere-se às famílias nos quais os tipos estão classificados (LUPTON, 2006).
·         Largura: relacionada às medidas horizontais da letra. Intrínseco a sua proporção, ela equivale ao corpo do tipo mais um pequeno espaço que o distancia dos outros. Dependendo da fonte, a largura pode ser tanto generosa como estreita (LUPTON, 2006).



[1] Fonte: Collaro (2000).
[2] Fonte: Niemeyer (2006).
[3] Fonte: Niemeyer (2006).
[4] Fonte: Lupton (2006).


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